Educação com o dinheiro do pré-sal
Após a licitação ocorrida na
semana passada do megacampo de Libra, a pergunta que todo mundo faz é: como
será usado o dinheiro dos royalties para a educação? Primeiro, é importante
explicar que os recursos não serão usados de imediato. Portanto, quem estiver
contando com estes recursos para os próximos cinco anos, é bom ter mais
cautela. O campo de Libra só terá produção - e, portanto, receitas para
destinar à educação e à saúde - a partir de 2019. E os valores, no começo,
serão bem modestos. A legislação aprovada, contudo, também carimbou para as
duas áreas a parcela da União em outros campos que já estão em produção ou
prospecção e não apenas os futuros contratos, como no caso de Estados e
municípios. A expectativa dos ministérios de Minas e Energia e Educação é de
que as receitas aumentem até chegar a R$ 21 bilhões em 2021, mas apenas uma
pequena parcela deverá ser creditada ao megampo de Libra. Mesmo que os recursos
até agora mapeados para gastos com educação e saúde não sejam tão substanciais
quando divididos ao longo das concessões, eles já provocam o debate sobre qual
seria a maneira mais adequada de usá-los. Especialistas em educação divergem
quanto à melhor forma para aplicar esses recursos, mas são unânimes ao indicar
que o pano de fundo deve ser o aumento dos salários dos professores da rede de
ensino pública brasileira, com foco no ensino básico. Alguns especialistas em
educação têm defendido o uso dos recursos com dois focos: a expansão do ensino,
que vem ocorrendo com sucesso na última década, precisa avançar principalmente
na educação infantil. Na outra ponta, é necessário melhorar a qualidade, e para
isso o professor precisa ser mais valorizado. Os que defendem esta linha,
apontam para a necessidade de, primeiro, cuidar dos seres humanos e depois das
condições materiais. Aí sim uma coisa puxa a outra. As duas vertentes acima
apontam para o "respeito social" aos professores e para que seja
feito um esforço para o aumento do número de horas/aula diária dos alunos da
rede pública. Atualmente, a média é de quatro horas por dia. O aumento da
remuneração é condição básica não apenas para incentivar os professores que
atualmente compõem a rede de ensino público, mas também para atrair
profissionais com melhor qualificação. Dentro da remuneração maior, a
prioridade deveria ser, ainda, os funcionários do ciclo pré-escolar e básico,
justamente pelo impacto que os primeiros anos escolares têm no desempenho e na
capacidade de aprendizado dos futuros alunos. Com os recursos do pré-sal, além
da valorização do professor, há também sugestões no sentido de que o MEC
aproveite parte dos recursos para melhorar a qualidade do ensino nas esferas
estadual e municipal. Neste sentido, tem sido apontado como referência o
"Race to The Top", criado em 2009 pelos Estados Unidos. No Brasil,
uma experiência semelhante é feita no Ceará, onde o governo estadual aumenta o
repasse de recursos para municípios com melhores indicadores de educação. Em
síntese, defendemos muito cuidado, pois o aumento dos salários, isoladamente,
não garante uma melhora significativa nos índices de avaliação dos alunos da
rede pública brasileira.
Josivan Barbosa
Josivan Barbosa
0 comentários:
Postar um comentário